sexta-feira, 1 de novembro de 2013

'Saudade. Diz-se ser uma palavra unicamente portuguesa, que não tem tradução para mais nenhuma língua. Bem, nesse caso, ainda bem que sou portuguesa, porque senão não teria maneira de descrever o que sinto tantas vezes, e o que sinto neste momento. Saudade de quê? Digamos que no português é mais difícil descrever os motivos do que os sentimentos. Saudade de tudo um pouco. Por um lado, de quando o mundo era diferente, de quando o preconceito era algo desconhecido para mim, de quando eu era inocente, de quando a sociedade não era o que estava errado para mim mas sim a TV paga e os brinquedos caros. E por outro lado, tenho saudade de um passado mais próximo. Todos sentimos saudades de quando éramos simples crianças, sem importância no mundo porque não tínhamos de a ter, quando éramos e tínhamos verdadeiros amigos apenas por nos emprestarem um brinquedo que gostávamos, de quando o mundo era tudo o que nós queríamos. Mas todos crescemos, e todos acabamos por descobrir coisas novas. Claro que não é tudo um "mar de rosas" como era quando somos crianças, mas também não é tudo um "mar negro". Também há coisas novas que descobrimos que nos fazem bem. Se elas não existissem, haveria felicidade neste mundo? Provavelmente não. Descobrimos o amor, a amizade verdadeira, os sentimentos, os pequenos prazeres da vida. Descobrimos o mundo no seu pormenor. E apesar de o mundo não ser perfeito, e de ser muito imperfeito, ele não é todo mau. E a saudade que sinto é apenas de alguns momentos que já tive, em que os sentimentos eram melhores, em que as amizades eram melhores, e até em que a inocência era maior. Esses pequenos momentos, por muito pequenos que fossem, tinham significado. Mas a vida é assim... Segue em frente. Muda. E nós só temos que saber habituar-nos. E saber lidar com a saudade, porque ela vai viver conosco durante toda a nossa vida.'

Sem comentários:

Enviar um comentário